A vida de ninguém é uma constante. A vida é feita de altos e baixos, de luz e sombra. E convenhamos, isso dá uma certa emoção para a vida né?! Se só víssemos a luz, saberíamos que o que vemos é a luz? Que é clara, forte e brilhante? Tudo indica que não.
O Taoísmo (filosofia que permeia a Medicina Tradicional Chinesa) nos apresenta o “TAO”, que é um fluxo de Yin (escuridão) e Yang (luz), e um dos principais focos da medicina chinesa é buscar um equilíbrio entre essas duas polaridades. Porém a própria sabe que nunca encontraremos esse equilíbrio perfeito, pois, quando houver um equilíbrio perfeito entre esses dois polos, pasmem, não haverá vida. Esses polos são opostos e complementares e só determinamos um quando temos outro de referência (aquela história de que somente sabemos o que é a luz se temos a escuridão para nos basear). Além de opostos e complementares, um contém a semente do outro. Dentro da luz existe a escuridão, e dentro da escuridão existe luz. Esse é o fluxo de vida, que evoca a interação harmoniosa do universo.
Precisamos vivenciar a dor e a cura, a felicidade e o sofrimento, o alto e o baixo. E, ao mesmo tempo, buscar uma equanimidade, aquele lugar de observação sem julgamentos de cada vivencia- coisa que a pratica assídua da meditação nos fornece (mas que até lá dá um trabalho danado.)
Podemos usar a analogia da nossa vida como uma montanha-russa que tem subidas e descidas e nossa busca é que ela seja igual a uma montanha russa suave, daquelas que a gente vai sem medo e curte a brisa que dá no rosto e o as borboletinhas que dá na barriga.
Dentro de toda essa busca pelo equilíbrio, olhando ora para nossa luz, ora para nossa sombra, chega certos momentos da vida que tudo muda e aqui vou trazer uma fase em específico- a gestação. Essa é uma fase que TUDO muda MESMO. Dentro de todo o trabalho de busca pelo equilíbrio que seu corpo, mente e espírito buscavam chega mais um trabalho, outro ser para se auto-equilibrar e se equilibrar com você mesma. Lugar que batia um coração, agora batem dois. Onde todas emoções da mãe passam para o bebê e vice-e-versa. Nossa, que trabalho. Esse é um estágio da vida muito intenso onde existe toda uma reorganização e transformação de um corpo e de um espírito. As sombras se escancaram assim como a luz. Para algumas um pode se sobressair muito ao outro mas eu aposto que, na maior parte dos casos, há pelo menos um deslumbre de ambos os lados durante os nove meses de gestação. Aqui a montanha russa da vida vira de ponta cabeça, e tem descidas e subidas radicais.
Se você está grávida ou pensando em ficar te convido a olhar e embarcar nessa aventura de polaridades. Se deixar percorrer por tudo, olhar com atenção para o que chegar e limpar o que precisa ser limpo. Buscar respiros e acalmar a mente para que o corpo possa fazer seu trabalho. Encontrar praticas que te traga- nem que for por um breve momento- para algo similar a um ponto de equilíbrio. Para a partir daí você se reconhecer e dar espaço para a vida que cresce ali, junto contigo nessa dança de luz e sombra.
Chegada a hora do parto eu diria, entre risos, que o TAO (yin e yang) explode. Momento que não há escapatória e precisamos de um jeito ou de outro olhar para nossa luz e sombra. Eu particularmente acredito que, quanto mais tivermos olhado para esses dois lados durante a gestação, menos o parto vai precisar finalizar esse processo de escancarar tudo na nossa frente. Mas como eu disse, não tem escapatória. O que precisar ser mostrado será. Vai haver dor e prazer. Calor e frio, medo, força, amor e satisfação. Tudo junto e misturado. E muitas emoções que ainda não foram olhadas serão. Aqui precisamos confiar, amarrar bem o cinto de segurança e deixar a montanha russa correr. Confiar que a montanha russa foi feita para pessoas como você, ela é segura e vai te dar um baita presente na linha de chegada.
Os altos e baixos intensos não terminam por ai. Com a chegada do bebê as intensidades continuam. A mulher muitas vezes se olha no espelho e não se reconhece mais. Perdemos muito do nosso Yang, nosso calor interno. Chega o momento do recolhimento. O resguardo. E para muitas a escuridão ao passo que temos uma luz forte nos braços. É o peito que racha e a alma que sangra. Os sentimentos que se misturam e muitas vezes não se enxerga o fim do túnel. Mas ele está ali e aos pouquinhos vamos juntando nossas peças que se fragmentam com todo o processo, a gestação, parto, amamentação e puerpério. A dor pode ser grande mas o amor gigante. Apenas se entrega e confia mulher. Aproveita para conhecer os dois lados, a luz e a sombra.
Joana Zimmermann.
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